ON THE ROCKS: conheça os subtemas do filme8 min read

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Hoje vou falar sobre “On The Rocks”, último filme da diretora Sofia Coppola. Já tem bastante tempo que assisti, mas somente agora me deu vontade de escrever. Inclusive, eu comentei no Assistidos de Novembro que foi um dos melhores filmes daquele mês.

Sou suspeita pra falar de Sofia, tenho uma forte tendência a gostar de seus títulos porque acredito ser o público-alvo dela. Não temos uma diferença de idade tão grande e suas temáticas dialogam com questões pertinentes ao meu universo. Em “On The Rocks” temos uma discussão sobre confiança e sobre relacionamentos quebrados. De um modo geral, Sofia sempre aborda temas ligados à (falta de) comunicação entre pessoas.

É curioso como os filmes tocam cada pessoa de forma diferente. Das muitas resenhas que li no Letterboxd, diversas falavam de como o filme reviveu a relação que estas pessoas têm/tiveram com seus pais.

Confiança

Entretanto, eu fui pega pela questão afetiva da protagonista de Rashida Jones. Por diversos momentos, me vi naquela mulher. Já passei por um relacionamento baseado em desconfiança e hoje tenho uma opinião muito sólida sobre este assunto. Aliás, pra quem não sabe, fiz faculdade de Relações Internacionais. E, nunca vou me esquecer, na minha primeira aula aprendi que o mais importante para a construção de um relacionamento entre dois Estados soberanos é a confiança e a reciprocidade. Se isso não existe, não haverá troca entre eles. Eu acabei tomando isso como uma lição de vida. Hoje, acredito que confiança é uma questão delicada e o pilar para qualquer união.

Vejo que, não apenas no campo afetivo, como para qualquer outra natureza de relação; é muito difícil de desenvolver uma convivência saudável há o fator desconfiança. Pra mim, confiança é aquela porta que, mesmo que entreaberta, você escolhe não entrar. Uma vez que você ultrapassou este limite, dificilmente terá como voltar atrás.

Eu sou daquelas que se suspeitei, é porque tá acontecendo. E, no lugar de Laura, teria feito ABSOLUTAMENTE TUDO igual a ela. 😂

Crise de Identidade

Por outro lado, a confiança pode ter um significado bem diferente. Segundo o dicionário, pode ser um sentimento de segurança em relação a si mesmo; firmeza. Nesse sentido, notamos que a personagem de Laura não carrega isto consigo. E talvez, provavelmente, este também era o meu problema láááá naquela época que fui uma garota de 20 e poucos anos desconfiada.

Sofia Coppola consegue com uma cena mostrar que o casamento da protagonista tomou rumos de rotina, de atividades automáticas como guardar os brinquedos das crianças, levá-las à escola, o fato em si de ter filhos já muda bastante a dinâmica do casal. Nesse meio tempo, percebemos também que Laura não sofre com necessidades não supridas. Ela mora em NY, num apartamento cosmopolita, bem decorado e superequipado, veste boas roupas, come caviar, Dean é um bom marido, um bom pai para as filhas, ela está bem profissionalmente. Ainda assim, ela não se sente segura e passa por uma crise de identidade.

Como os personagens fazem as pazes em “On The Rocks”

Como disse anteriormente, Laura conta com o pai para esta aventura de descobrir uma suposta traição do marido. Enquanto muitos viram o personagem de Bill Murray literalmente e, se recordaram de seus pais, eu vi este personagem como uma pessoa qualquer. Aliás, Sofia repete a parceria com o ator de Encontros e Desencontros para nosso deleite!

Pra mim, Felix poderia ser substituído por um amigo muito próximo, a mãe, ou qualquer outra pessoa com quem se teve, o que os americanos chamam de unfinished business. Há que se destacar que a diferença de idade entre eles pode ser vista como um choque de gerações, onde nitidamente Felix tem pré-conceitos machistas e divergentes da opinião de Laura. Entretanto, pra mim, funcionaria com qualquer pessoa. Muito por causa dos motivos que levam o pai da moça a sugerir a missão: ele quer se aproximar, criar vínculos e passar mais tempo com ela.

Na minha opinião, o grande argumento do filme é estabelecer relações de confiança, assim como Félix tenta fazer com a filha. E, de fato, funcionou porque ela acaba dando ouvidos ao que o pai fala, segue seus conselhos e acata a seus devaneios.

Ao contrário de seus outros filmes, Sofia Coppola não deixa um ar de mistério no final e senti falta disso. De fato, não é àquele que podemos dizer que é o mais impactante dentro de sua obra, mas passei alguns dias com ele. O que nunca falta em sua filmografia são assuntos ligados à comunicação, à dinâmica de relacionamentos e muita sensibilidade ao trazer estas questões.

Nesse sentido, a diretora nunca decepciona e eu adorei “On The Rocks”. Desse modo, eu recomendo muito que você assista e depois volte aqui pra conversar comigo. Caso você já tenha assistido, me conta nos comentários o seu ponto de vista.

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