Minha transição capilar chegou ao fim10 min read

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Depois de 1 ano e meio de transição capilar e + 1 ano usando o cabelo ao natural, resolvi fazer um alisamento novamente. O famoso “botox capilar”.

Mas antes de entrar nesse assunto, de fato, eu preciso te contextualizar com algumas informações bem importantes.

Eu fui uma criança “temporão”, sou 15 anos mais nova do que meu irmão e minha prima mais próxima Sendo assim, era a única criança no meio de um monte de adultos. Consequentemente fui muito mimada e minha família, composta basicamente por mulheres, satisfaziam muitas das minhas vontades. Particularidades a parte, boa parte dessas mulheres têm o cabelo liso. Admito que desde essa época fui uma criança difícil, muito teimosa. Somado a isso, cuidar de um cabelo cacheado nos anos 80 não devia ser uma tarefa muito fácil. Porém, segundo elas, meu cabelo era lindo!

Quando fiz uns 15 anos, lembro de ir ao salão de cabeleireiro com a minha amada tia Teresa pra fazer um relaxamento no cabelo. Mas não foi o suficiente, eu gostaria que meu cabelo fosse liso porque era mais fácil de cuidar. Acho que 1 ano depois, eu cortei o cabelo curtinho porque era bem mais rápido de fazer escova e “toca” (!). Gente, o cabelo ficava muito liso, vocês não têm noção. Épocas em que ter uma chapinha não era nada fácil, nem sei se existia por aqui. Embora minha avó tenha reprovado a opção, eu permaneci assim por aproximadamente 4 anos.

A transição capilar

Eu só deixei meu cabelo crescer novamente quando entrei pra faculdade e com o surgimento da escova progressiva. Lembro como se fosse agora a sensação que tive de ver meus cabelos lisos, com aparência de natural, sem ser com secador. Foram 17 anos de plena satisfação com o famigerado formol, de ter cabelos exatamente do jeito que sempre quis. O meu relacionamento com a escova progressiva só desandou em 2018 quando o cabelo passou a ficar extremamente liso, chapado na cabeça, sem viço, sem vida. eu me sentia feia praticamente todos os dias. Não só pelo cabelo, ok, mas este é um item que impacta na autoestima de praticamente todas as brasileiras. Nós somos um dos maiores mercados deste ramo, no mundo!

Foi então que decidi passar pela transição capilar na expectativa de, não apenas saber como era meu cabelo natural, mas também dar um tempo de tanta química e me ver livre do secador. Este último andava marcando presença quase que diariamente nos últimos anos.

A minha rotina é um tanto quanto ocupada. Eu tenho um trabalho comum, de 9h às 18h e, como é de conhecimento de todos aqui, também sou criadora de conteúdo sobre cinema. Justamente em 2018, foi quando criei o COLOR my days.

Muitos podem achar que produzir conteúdo pra internet é a coisa mais simples do mundo. Talvez. Se você quiser fazer de qualquer jeito, é sim. Mas não pra quem quer se destacar. Meu trabalho consiste em assistir aos filmes, produzir conteúdo para o site, Instagram e YouTube. Criar conteúdo para o YouTube implica em gravar um vídeo. Mas antes disso, ter o cenário arrumado, ter um set up (luz, câmera, enquadramento) feito, além de me arrumar pra estar com a imagem que quero passar. A consequência do vídeo é editá-lo, montá-lo, criar imagens de capa para cada mídia, programar a publicação, divulgar. São muitos passos, e aquela famosa frase “quem vê foto de Instagram, não vê corre” é a mais verdadeira das afirmações.

Um ano decisivo

Além disso, foi também em 2018 que peguei o Zucco, ele foi um cãozinho que deu muito trabalho. Atualmente são 2 cachorros que, um em maior e outro em menor grau, sofrem de ansiedade de separação. Lolla, a mais nova, ainda é filhote e absorve tudo de errado que o Zucco faz. Ele, por sua vez, usa xixi e 💩 no lugar errado como forma de chamar atenção.

Você pode estar se questionando o que tudo isso tem a ver com o meu cabelo, com transição capilar. O fato é que num cotidiano ocupado demais, onde ele não é mais o foco, significa gastar tempo a toda. Em outras palavras, é sinônimo de perda de tempo. Por outro lado, não significa que renunciar à minha aparência. Cuidar do cabelo não é mais uma prioridade, assim como fazer as unhas. Pra quem não sabe, antes de entrarmos na pandemia, eu fazia as unhas no salão porque era mais rápido. Quem me conhece, sabe que nunca deixei ninguém fazer minhas unhas. Mas a vida está em constante mudança, e da mesma maneira, nossas prioridades.

Retorno à química

Não tem como dar conta de tudo, não dá pra ter tudo do jeito que eu gostaria que fosse.

O conceito de liberdade em relação ao meu cabelo, admito que é uma utopia. É algo que refleti um pouco, antes de tomar a decisão de voltar aos tratamentos químicos. Engana-se quem pensa que quando estou em casa, estou totalmente livre e pouco me importando com a minha aparência. Considero isso um hábito saudável, que está diretamente relacionado à autoestima. Não se trata de estar maquiada, super penteada nem nada. Mas eu sempre gostei de chegar no espelho e me achar bonitinha. Aliás, eu até mandava foto pra alguns amigos quando acordava me achando linda… 😂

Se antes da transição eu ficava presa a um tratamento químico, secador, prancha; por outro lado, com o cabelo natural eu permanecia presa à essas mesmas ferramentas pra me sentir bem comigo mesma. Então afinal, como se sentir livre?

Rotina de cacheada

Eu optei por não ter mais que gastar 30/40min em frente ao espelho pra ter a imagem que me satisfaz, que atende às minhas exigências pessoais. Além disso, a tão sonhada liberdade do secador não tinha acontecido. Na minha opinião, a liberdade está em me sentir bem comigo mesma e coerente com as minhas prioridades, com o que me realiza. Mas chegar a esta conclusão pode ser uma estrada cheia de obstáculos.

Acho que o mais doloroso deles é passar pelo crivo dos outros. Afinal de contas, em tempos de “beleza natural”, “look natural”, “pele de verdade”, fica bem difícil de assumir uma postura “artificial”. Um alisamento, é um artificio que se usa pra reproduzir um cabelo que não é natural.  Ao mesmo tempo em que muitas levantam a bandeira do “meu corpo, minhas regras”, elas também sabem achar um absurdo você “não aceitar seu cabelo do jeito que ele é”. Essas são as famosas ditaduras do que é certo. Mas quem determina o que é certo? Certo pra quem?

À medida que nos preocupamos mais com a opinião do outro, nos afastamos de quem realmente somos. Aliás, se você não se lembra, foi por esse motivo que o COLOR my days acabou. Difícil agradar todo mundo. Pra ser bem franca e sincera, desde que fiz a mudança de site, meu comprometimento foi ser verdadeira comigo mesma. Somente assim posso ser verdadeira com você que lê.

A transição capilar me trouxe um conhecimento sobre meu cabelo que nenhum cabeleireiro jamais proporcionaria. O resultado do botox capilar foi incrível, eu estou muito feliz com meu cabelo meio a meio, era assim que queria que ele fosse. O grande aprendizado de todas essas transições é justamente entender o que você realmente quer.

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