Corra!6 min read

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Negro está na moda.

Parker Dray

Confesso que gastei bastante tempo tentando escrever sobre esse filme, foi tipo um parto doloroso, sabe como?! Porque eu não gostei.
Li algumas críticas, uma aqui, outra acolá e até assisti um video muito bom. Mas sempre discordando e me questionando: onde foi que errei?! Por que não gostei de Corra!? 🤷‍♀️

Bem, começando pelo início, o protagonista é Daniel Kaluuya que todos vocês estão cansados de saber que fez um excelente trabalho no episódio 15 Million Merits de Black Mirror e está igualmente muito bem no filme. Ele é muito bom ator e cumpre perfeitamente seu papel. Suas expressões faciais deixam as emoções transbordarem junto com as nossas, achando tudo aquilo muito estranho.

A dupla dele é Allison Williams, a Marnie Michaels de Girls. Este é seu primeiro filme e ela também está muito bem em seu papel de namorada boazinha, branca, de olhos claros. Super gente boa ela, né?! Será mesmo?

Ele, negro, vai lá conhecer a família, até então liberal e nada racista, da namorada branca. Durante o caminho, acontece a primeira cena “assustadora” e racista quando o guardinha pede os documentos dele sem qualquer necessidade. Mas eu quero deixar uma ressalva aqui para a música que toca durante a viagem:

Childish Gambino — Redbone

You wanna make it right, but now it’s too late 🎵

Seu nome real é Donald Glover e ele não é só cantor, como também ator. Sabia que ele vai interpretar Lando Calrissian no próximo filme Star Wars? Redbone, que faz parte do álbum ‘Awaken, My Love!’, foi indicada ao Grammy de melhor música R&B do ano e mais outras 4 categorias. Levou apenas o prêmio de Melhor Performance Tradicional de R&B. E tem mais, o artista anunciou durante a premiação que irá aposentar o nome Childish Gambino. Ficou curioso? Confere aqui. Do meu ponto de vista, a música foi bem acertada porque a letra até tem um pouco a ver com o que virá a seguir… Bem pensado! 😉

Continuando…

Chegando na casa da namorada, Chris percebe uma família branca com empregados negros que se mostram estranhamente paralisados e simpáticos. A gente percebe um tom vívido no filme e sempre que os pais da moça estão na tela há algo bem claro no ar, o que pra mim, está diretamente ligado ao branco de suas peles.

spoiler alert
Mas se quiser continuar lendo é por sua conta e risco… 😉

Nesse momento se deu, em torno, dos 20, 30 minutos de filme. Para aqueles que são minimamente observadores, já sabem que vem a primeira virada: ele já viu que é todo mundo esquisito, olhar vidrado, teleguiado mas ainda não sabe porquê. Até que a mãe da namorada hipnotiza ele:

Ela entrou na minha cabeça!

Cores e Fotografia

A partir daqui, estava na esperança de encontrar algo interessante pois já havia levantado do sofá pra buscar um aperitivo. A paleta de cores é clichê: tons frios para sinalizar a noite, o preto pra indicar que ele está perdido durante o mergulho dentro da própria cabeça e os marrons criam uma atmosfera supostamente aconchegante e que também pode ser vista como uma identificação com a cor da pele de Chris e os empregados da casa. Gosto muito dessa cena, da representação da hipnose do ponto de vista dele.

Muito das cores de Corra! podem ser observadas, principalmente, nos figurinos. O fato de Chris usar azul jeans está ligado a cidade onde ele vive, um ambiente urbano, ele não é um negro pobre coitado, mas um profissional autônomo, fotógrafo graduado, com opiniões e bem esclarecido quanto a sua representatividade no mundo. Ele escolhe um moletom cinza como seus agasalhos (as tais “cozy clothes” = roupas confortáveis) para o fim de semana. Branco + preto = cinza. E é assim que ele está vestido no momento que é hipnotizado, pois ele está em 2 planos ao mesmo tempo.

Foi um tanto quanto decepcionante ver Rose usando vermelho, quem já assistiu filmes do Tarantino pode responder: o que vermelho representa? Sangue, morte. Meio esperado o desfecho dela.

Alguém notou Windows Phones no filme? Adorei! 😍 Perceba na hora do flash no rosto do amigo e quando ele vai buscar o telefone no quarto. Obs: só eu que percebi uma referência à Janela Indiscreta? — Suspense bom mesmo era do #Hitchcock — #amo.

E aí vem a parte final, que ele fica sabendo que Rose não tinha nada de boazinha, que os pais são uns malucos e transplante de cérebro e talz. Eu super estava esperando que tivesse uma reviravolta final. Pode ser um filme independente o quanto for, se é americano, tem a virada do mocinho no final! Super Tarantino (de novo). Não achei legal, achei essa história do transplante super bobo, não gostei. Pode vir a existir? Sim, mas até lá eu vou achar essa questão inserida neste filme, uma tremenda bobeira!

Analisando pelo aspecto social, do racismo, foi bom, foi bem representado porque o preconceito do dia-a-dia é assim, leve, nas entrelinhas. Mas gostaria de ter assistido isso mais explorado, com um final realmente surpreendente.

Já assistiu? Deixa sua opinião aqui embaixo nos comentários.

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