A animação como forma de manter a privacidade3 min read

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Flee“, documentário animado dinamarquês, quebra paradigmas ao ser indicado ao Oscar em 3 diferentes categorias. Concorrerá a melhor documentário, melhor animação e melhor filme internacional.

“Flee” segue a história de Amin Nawabi, que revela pela primeira vez o seu passado de como fugiu do Afeganistão.

Imigração

O mundo tem refugiados desde que começaram as guerras e os conflitos. É algo que está no DNA humano, fugir do lugar que habita com a finalidade de se proteger. Essa é uma premissa que historicamente é observada em todas as gerações. Isto se estende até hoje, como vemos na atual situação da Ucrânia.

Essa fuga, é uma das explicações do porquê temos países tão misturados e culturalmente plurais. Em função das imigrações por fugas políticas, conflitos armados, pobreza ou fome. Sendo assim, obras que abordam esse assunto são naturais, pois é algo que vemos continuamente na nossa sociedade. Entretanto, “Flee” trás uma visão muito apurada e delicada dessa situação, entregando um relato forte e lindo.

No filme, nós vemos a história de Amin, um jovem afegão que decide contar para seu amigo documentarista sua jornada até chegar na Dinamarca. O principal ponto de diferenciação aqui é o uso da animação como forma de proteger a integridade de Amin e sua família. Tal escolha se mostra muito assertiva, visto que a partir desse recurso, é possível replicar momentos e ambientações que não possuem gravações, fotos ou voiceovers.

Documentário como terapia

Esta característica é o charme que carrega todo o poder do filme. “Flee” é quase um exercício terapêutico de Amin, onde a câmera é seu analista e a animação, a forma de expor as memórias.

A animação alivia o sofrimento do protagonista, por causa das cores e da delicadeza do traço que pintam essas memórias que hoje são distantes. A medida que a história se desenvolve, observamos um Amin cada vez mais tomado pela saudade. Por outro lado, sentimos seu medo de nunca mais encontrar a família.

Além disso, o fato de ser homossexual num país extremamente conservador como o Afeganistão, é um trama muito relevante. Portanto, a Dinamarca se mostra como uma porta de entrada para o recomeço. O lugar onde ele estudará, viverá sem o medo e, finalmente, ser quem ele realmente é.

“Flee” é um documentário extremamente tocante e bonito. O título ressalta o impulso que todos temos de buscar locais de segurança. Por fim, lembramos que apesar de todo o sofrimento que a vida pode nos expor, sempre há um local que será nossa estada e ambiente de conforto. Merecidamente, Flee está indicado a 3 Oscars, nas categorias de Melhor Animação, Melhor Filme Internacional e Melhor documentário. Espero que o documentário ganhe bastante repercussão e alcance um grande público, que cause o mesmo impacto que me causou. “Flee” é meu favorito entre os 5 que foram indicados.

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