Nessa crítica sobre “The Assistant”, filme da Amazon Prime Video, sobre assédio no ambiente de trabalho, eu conto por que me emocionei tanto.
Dirigido por uma mulher, Kitty Green, seria impossível não associar “The Assistant” ao movimento #MeToo e às acusações de assédio atribuídas a Harvey Weinstein. Embora se passe na indústria do cinema, eu me identifiquei muito com Jane porque essa é uma história que poderia verdadeiramente acontecer em qualquer área de trabalho. E de fato, acontece, todos os dias em milhares de escritórios por aí.
Acho que nunca cheguei a comentar aqui, mas trabalhei com Comércio Exterior por aproximadamente 10 anos e posso afirmar que sofri assédio moral de todos os meus superiores. A maioria foram homens, porém tiveram mulheres que também abusaram da hierarquia.
Surpreendentemente, quando eu falava para as pessoas que fiz faculdade de Relações Internacionais e trabalhava com Comércio Exterior, a resposta era quase unanime: “que chique!”
Tá. Contudo, o que ninguém sabe é que eu cansei de me sentir burra, humilhada, incapaz, que acordava quase todos os dias sem vontade alguma de trabalhar e que tudo meu único objetivo nessa área era ganhar dinheiro. Felizmente estes dias se encerraram, mas jamais vou me esquecer do quão ruim foi viver esta experiencia.
Enfim, o que ficou de positivo foram as grandes amizades que surgiram e a lição de que dinheiro nenhum compra o seu bem-estar.
Cores e Fotografia
No longa de Green, Jane não tem uma rede de apoio, é a primeira a chegar e a última a sair, se vê frequentemente sozinha.
A fotografia reflete isso através de cores apagadas, acinzentadas, como se aquela rotina fosse tediosa e sem graça. Da mesma forma, os enquadramentos retratam a personagem em close-up pensando, muitas vezes sozinha ou quem está em volta, está embaçado, fora de nossas vistas.
Além da Fotografia, o que tem de melhor em “The Assistant”?
A atuação de Julia Garner é incrível porque ela fala com olhares, com gestos. Nesse sentido, as emoções mais poderosas e significativas gritam no silêncio de Jane, na impossibilidade de compartilhar seus pensamentos.
Isto nos causa tensão, uma sensação de angústia terrível.
A cada e-mail que ela escreve pedindo desculpas, a gente só tem vontade de chorar e/ou de dar um abraço.
Filmes relacionados
Se você quer ver mais filmes sobre assédio moral no trabalho, você pode pegar qualquer episódio da série “The Office”. Em outras palavras, sempre haverá um momento em que Michael Scott, vivido por Steve Carell, irá cometer algum tipo de abuso.
É provável que você mude de opinião sobre Steve Jobs depois de assistir a “Steve Jobs”. Neste filme temos uma degustação do que ele deveria fazer repetidamente em seu ambiente de trabalho.
Mas se você quer ver algo um pouco mais profundo, tente “O Conto”. Laura Dern interpreta Jennifer, uma jornalista cuja mãe encontra uma história que ela escreveu aos 13 anos sobre um triangulo amoroso com seus dois treinadores. Excelente filme!
O filme está disponível na Amazon Prime Video, portanto, se eu fosse você, não perderia tempo e assistiria este filme hoje mesmo!