É isso mesmo que você leu no título, “Órfã 2 – A Origem” é um filme ridículo e desnecessário. Ele não apenas subestima a inteligência do espectador como também não cumpre seu propósito de ser um filme de origem.
Dessa vez, Leena foge de uma instituição psiquiátrica e rouba a identidade da filha desaparecida de uma família americana. No entanto, a vida como “Esther” a coloca contra uma mãe que fará qualquer coisa para proteger sua família.
Primeiramente, um dos grandes problemas que vejo nesse filme é não termos um real filme de origem. Em inglês, o título é: “Orphan: the first kill”, em sentido literal quer dizer “Órfã: o primeiro assassinato”. Em 10 minutos de filme, e não é um spoiler, sabemos que a garota já matou uma família e vemos ela assassinar alguém. Sendo assim, não sabemos o que levou Leena, seu nome real, a matar pela primeira vez! Você pode alegar que ela é uma psicopata, mas eu discordo. Já te conto o porquê.
E assim, as perguntas sobre seu real passado permanecem sem respostas: quais são os reais motivos que levam a esses crimes? Quem eram seus pais? Como era esse relacionamento? Qual fato a levou até uma instituição psiquiátrica? Somos poupados de tudo isso!
Em segundo lugar, outra questão crônica aqui é a existência do filme em si. Quem assistiu ao original de 2009, sabe o que acontece no fim do filme e, portanto, consegue prever o desfecho deste segundo. Além disso, todo o longa é extremamente previsível. Eu consegui antever, com sucesso, todas as vítimas da pequena Esther.
Roteiro fraco para “Órfã 2 – A Origem”
Ademais, a idade da protagonista Isabelle Fuhrman atrapalha demais a experiencia. Não houve recurso que conseguisse esconder seus 25 anos. Ou seja, passamos o tempo todo comparando sua aparência com o filme anterior e lembrando que nada daquilo faz sentido. Quando ela filmou “A Órfã” em 2009, Isabelle tinha 12 anos e usou-se da maquiagem como recurso para envelhecer a menina. Muito mais fácil, possível de realizar, e por consequência, crível para o público.
Dessa forma, vejo também uma falha da produção que poderia ter providenciado próteses dentárias mais infantis para Isabelle. Nesse sentido, o uso da própria maquiagem para arredondar o rosto da atriz e levantar suas maçãs do rosto seria bem-vindo. E se você imaginou que a equipe de maquiagem desse filme não é a mesma do anterior, acertou! Aliás, não é o mesmo diretor, mas são os mesmos roteiristas.
E aqui, reforço um dos argumentos que sempre proponho ao discutir filmes: a narrativa importa e muito. A forma como o diretor vai pegar aquele roteiro e dar vida a ele, vai sim fazer toda a diferença. Em 2009 funcionou com Jaume Collet-Serra, agora, 13 anos depois com William Brent Bell nem tanto.
Boas atuações não são garantia para um bom filme
Percebo também um probleminha com o roteiro que talvez nem uma boa direção pudesse salvar. A personagem de Esther é mal construída. De uns 5 ou 6 anos pra cá, tivemos uma explosão de séries, documentários e filmes baseados em crimes reais. O aumento de podcasts também trouxe voz aos psicanalistas e psicólogos que explicam amplamente como funciona a cabeça de assassinos em série e psicopatas. Sendo assim, o roteiro de A Órfã 2 não parece estar contextualizado para os tempos atuais. Esther não age como uma psicopata, suas motivações parecem bem mais ligadas às suas emoções. Especialmente depois que ela encontra uma família onde se apega à figura masculina.
Recentemente, eu comentei aqui que não acho que escolher filmes baseado no elenco seja garantia de acerto. Um dos pontos positivos de “Órfã 2” é justamente o elenco: tanto Isabelle Fuhrman quanto Julia Stiles estão bem em seus papéis, mas não ao ponto de torna-lo um bom filme.
Isso me leva àquelas perguntas que não querem calar: pra quê mexer com quem tá quieto?
Qual o propósito em criar um prelúdio tão desnecessário pra um filme que é querido por sua audiência?
O primeiro é um filme que tem seus méritos e funciona muito em seu universo, sem necessidade de se acrescentar absolutamente nada.
Por fim, “Órfã 2 – A Origem” estreia nos cinemas brasileiros em 15 de setembro. Portanto, é por sua conta e risco…