Três Anúncios Para um Crime9 min read

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Porque o ódio nunca resolve nada, mas a calma sim.

Xerife Willoughby
  • Título original: Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
  • Data de lançamento: 7 de Outubro de 2017
  • Diretor: Martin McDonagh
  • Diretor de Fotografia: Ben Davis
  • Elenco: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell
  • Sinopse: Inconformada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha, Mildred Hayes decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. A inesperada atitude repercute em toda a cidade e suas consequências afetam várias pessoas, especialmente a própria Mildred e o Delegado Willoughby, responsável pela investigação.

Sem exagero nenhum, levou uns 2 meses para escrever sobre Três anúncios para um crime. A primeira vez que assisti foi no Carnaval, quando fiz uma maratona de filmes do Oscar. Para elaborar os textos aqui pro blog, procuro assistir sempre mais de uma vez para que as ideias estejam bem construídas, opiniões bem apuradas e, consequentemente produzir o melhor conteúdo possível.
Novamente, sem exagero nenhum, da 2ª vez que assisti até agora, levou mais de 1 mês (!).

Entre uma leitura e outra de diversas opiniões de críticos, jornalistas e etc, não consegui entender o porquê de todo esse frisson, porquê eleger justamente esse filme como um franco favorito ao Oscar de melhor filme. Na verdade, o ponto em comum de todas essas publicações é que as opiniões convergem para uma informação em comum: tem bastante tempero de irmãos Coen na obra e eu não sou uma admiradora do estilo dos caras. Na verdade, sendo bem sincera, não gosto nada deles. Dentre toda sua filmografia, gosto apenas de Queime Depois de Ler e Onde Os Fracos Não Tem Vez.

Se formos analisar a partir do contexto social que estamos vivendo onde há um forte movimento feminista, repreensão contra violência às mulheres, denúncia de assédio sexual contra diretores/produtores renomados e levarmos em consideração que Frances McDormand é uma voz significativa para o Time’s Up, ok, compreendo.

Mas vamos lá… em uma das primeiras cenas, Mildred, representada por Frances McDormand desvira um besourinho para ajudá-lo a continuar andando, em outras ela é vista conversando com animais. Estas são cenas típicas para mostrar que a personagem tem humanidade, se importa, tem sensibilidade, um contraponto às inúmeras ações agressivas que veremos a seguir.

Em Ebbing, uma cidade fictícia localizada no sul dos EUA, Angela, filha de Mildred é assassinada de forma cruel e violenta, um crime ainda sem solução. A protagonista aqui é uma mulher de forte personalidade, determinada e decidida que está em busca de justiça, como toda mãe nesta situação estaria. Mas que talvez não usassem os mesmos métodos para chamar atenção da opinião pública.

Acusar de negligência um Xerife moribundo, de excelente reputação, pai de família, em 3 imensos outdoors numa cidade onde todos se conhecem, é no mínimo, ousado. Aqui está mais um ponto onde o diretor expõe 2 lados de uma personagem para aproximá-lo da realidade: Willoughby é reconhecido por todos como um bom homem, um exímio profissional, mas não cumpriu seu papel que era de prender os assassinos de Angela.
Além disso, ele tem um incondicional defensor, Dixon, um policial tão controverso quanto suas atividades. É um profissional da justiça, mas é preconceituoso ao extremo, agressivo, inconsequente e teleguiado pela mãe.
Aliás, percebe-se um tom de comédia sempre que Dixon aparece, mas eu, pessoalmente, não vi a menor graça.
Depois dessa apresentação das personagens, começa a desenrolar a estória toda..

spoiler alert
Já tá no now, gente! Mas se quiser continuar lendo sem spoilers, é só clicar aqui.

 Uma vez que o Xerife se suicida, ele deixa uma cartinha para cada um dos “interessados”: a esposa (que também foi esposa do Robocop 😉), Mildred e Dixon.

Bela cena, belo enquadramento, não?!

A carta deixada para Dixon tem poderes mágicos, pois ele deixou de ser preconceituoso, racista, pediu desculpas e até deixou de ser atrapalhado, onde deu continuidade à investigação do crime da filha de Mildred. E por fim, eles acabam parceiros no crime, fazendo justiça com as próprias mãos.

Tô de boa aqui lendo minha cartinha…

 
Eu não vou ser despeitada e dizer que o filme é uma porcaria, mas eu me arrependi muito de tê-lo assistido no cinema, pra mim foi um show de clichê tentando se justificar sob as circunstâncias. 
Eu não pagaria um ingresso por esse filme!
Já paguei, mas não recomendaria que ninguém pagasse.. 💸

Ei, miga.. vamos caçar uns agressores de mulheres?!

Cores e Fotografia

A paleta de cores do longa é bem conectada à cidade, tem o verde da vegetação, bastante amarelo, marrom, é bem interessante e tudo isso foi pensado por Davis.
Somado a isso, a fictícia Ebbing, é caracterizada como uma cidade pequena onde você dificilmente diria que aconteceu um crime como o exposto no filme.

Três Anúncios foi filmado em Silver, Carolina do Norte e o Diretor de Fotografia, Ben Davis que é inglês, passou um bom tempo na cidade, fazendo um reconhecimento para que ficasse bem traduzido na tela uma certa intimidade com o local. Outro fato bastante curioso relacionado à cidade é que o único local que foi reproduzido como cenário é a delegacia. Todos os outros realmente existem em Silver, os prédios, o bar que aparece no final, a casa do Xerife. A iluminação usada foi basicamente natural, por exemplo, o vermelho encontrado no bar, de fato estava lá assim como os tons em neon observados.

E os outdoors, também existem?

Não. Eles foram minuciosamente montados. Havia uma combinação de fatores a serem pensados: deveria ser uma fonte impactante, ser grande o suficiente para ser visualizado do balanço da casa de Mildred (e para o diretor era importante que houvesse essa conexão visual entre ela e os outdoors) mas também deveria ser possível que ela subisse para apaga-los durante o incêndio e posteriormente os repusesse.

Incêndio nos outdoors

Complexo, né?! Para chegar ao tamanho que vimos na telona, foi um longo processo. Inicialmente, os anúncios seriam de fundo branco e fontes pretas, mas o diretor Martin McDonagh fez um teste com vermelho e Davis também gostou e assim ficou.

É quase um clichê a escolha dessas cores como centrais e, principalmente a quantidade de vezes que se repetem. O acorde cromático (conjunto de cores para se conseguir um determinado efeito) da brutalidade é representado por: vermelho + preto + marrom, já o acorde cromático da força é o vermelho + preto + azul. Apesar disso, acho que funcionou, foi uma boa opção e com significados bem coerentes.

 

Para cenas violentas, cores, que juntas, apontam para a violência!

Foi o que falei mais acima, não era meu filme favorito de todos que se apresentaram para o Oscar, mas também está longe de ser um desastre. Mas não tem nada de novo, nada de surpreendente e humor negro está bem distante de ser um gênero agradável ao meu gosto.

Vale assistir? Sim, tire suas próprias conclusões e depois me conta aqui nos comentários o que acharam! 😊

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