Aniquilação7 min read

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Quase nenhum de nós comete suicídio e quase todos nos autodestruímos.

Dra. Vintress
  • Título original: Annihilation
  • Data de lançamento: 22 de fevereiro de 2018 (Rússia)
  • Diretor: Alex Garland
  • Elenco: Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson, Oscar Isaac.
  • Sinopse: Uma bióloga se junta a uma expedição secreta com outras três mulheres em uma região conhecida como Área X, um local isolado da civilização onde as leis da natureza não se aplicam. Lá, ela precisa lidar com uma misteriosa contaminação, um animal mortal e ainda procura por pistas de colegas que desaparecem, incluindo seu marido.

“Aniquilação” conta a história de Lena, uma bióloga extremamente inteligente, solitária, triste, a espera de seu marido desaparecido há um ano durante uma missão designada pelo governo americano. Ela vive dessas lembranças onde, eles tinham um relacionamento feliz e estável . Somos apresentados à sua vida que transcorre dentro de uma entediante rotina, casa-trabalho-casa, amargurada por um incerto luto.

Até o dia em que Kane, seu marido, reaparece. O que deveria ser um feliz e surpreendente reencontro, existe algo de estranho no ar, ali é o marco de uma iminente expedição ao incógnito: Kane está com uma doença terminal totalmente desconhecida, mas há a certeza de que foi derivado de sua presença num local chamado Área X, onde concentra-se o Brilho. Ninguém sobrevive às missões enviadas a esse lugar, exceto Kane. Por que?

Sente o climão…

Na tentativa de encontrar essas respostas e ajudar na cura de seu marido, Lena embarca com a Dra. Vintress, uma mulher muito decidida, e suas colegas em direção a Área X. Podemos afirmar que o título é perfeito para o que vemos a seguir: se Aniquilação não é uma obra sobre como temos vivido nossas vidas e como lidamos com àquilo que nos permeia, então não sei o que mais poderia representa-lo.

Li diversas críticas após assistir o filme e, entre uma e outra abordagem significativa, não fui ao encontro de inúmeras pois esta é uma obra aberta a muitos significados e interpretações e todos os textos que li apresentam uma única explicação em comum.

Agora, vou entrar em alguns spoilers. Se você ainda não assistiu, clica aqui para continuar lendo!

Eu vi, muito claramente, como uma metáfora para a vingança da natureza sobre o homem, sobre o sujeito cruel que aterra águas para realizar construções, prédios imensamente altos que invadem o espaço aéreo desnecessariamente, contra aquele que desmata o verde indiscriminadamente, contra aquele que extermina espécies da fauna e flora, contra aquele que não sabe preservar o mínimo que nos resta de verde, de vida animal e muito menos passa valores de proteção e consciência a seus descendentes. A medida que Lena e sua equipe adentram o Brilho, só consigo ver um ambiente saudável, cheio de cores, um pedacinho daquilo que deveria ser a minha cidade inteira, onde eu adoraria viver, é inspirador! Me lembrou algumas obras de Monet, como as que ele retratou seu jardim em Giverny.

E afinal, por que Lena e seu marido conseguiram sair da Área X e seus companheiros não? Percebi que nenhuma das colegas tinham um porquê voltar, nenhuma tinha um propósito, um objetivo, laços afetivos / familiares, nada a perder. Lena queria salvar Kane e, portanto, um instinto de sobrevivência, mesmo que isso significasse a destruição. É um paralelo que a todo tempo é exposto na tela: sobrevivência x morte, criação x destruição.

Pessoas que desistem da vida virando plantas e flores

Isso também é observado na parte final quando Lena chega ao Farol e aquele ser diferente se forma a partir da refração da Dra. Vintress combinado ao DNA de Lena.

Mas antes de continuar… todo mundo percebeu que o marido da nossa bióloga-heroína se matou? Não é emocionante a forma como ela aceita esse homem “de volta” mesmo sabendo que não é mais a mesma pessoa?! Seria essa parte uma crítica ao divórcio? Afinal de contas, estamos em constante mudança ou você ainda é a mesma pessoa de 5 anos atrás?! Eu não sou. #ficadica #assistadenovo

…continuando. O ser “imita” sua forma física, seus movimentos e está o tempo todo reproduzindo Lena quando ela então resolve… destruí-lo. Não é controverso extinguir a si próprio? Entretanto, o ser assume as propriedades da granada e acaba completamente com o Brilho.

Adeus, Brilho!

Cores e Fotografia

O diretor de fotografia, Rob Hardy e o colorista Asa Shoul conseguiram uma bela harmonia na tela.
A paleta de cores é bem coerente com o roteiro e traz essencialmente àquelas presentes na natureza como o verde das árvores, o azul do céu, amarelo das folhas envelhecidas e da luz do dia, o cinza das pedras, etc. Porém, trata-se também de cores pertinentes aos filmes de fantasia e ficção científica, para que cause ao telespectador a impressão de algo imaginário, de algo inexistente em nosso plano e esse distanciamento do real pode também provocar espanto e susto. E, de fato, essas emoções são sentidas durante o filme, não é verdade?! Não se sabe o que elas irão encontrar quando entram na Área X, é o desconhecido, o inexplorado. O senso comum é que isso seja assustador para muitos e o azul está lá presente, ilustrando o momento.
Uma evidência disso é que a paleta de cores desta cena 👇 é muito semelhante àquela ⏮ de grande impacto em Corra!. Lembram do clima de tensão? Falei sobre isso aqui.
Ponto pra equipe que acertou em cheio com a atmosfera construída a partir das cores!

A famigerada cena do ataque do urso. #tenso

Crítica

De forma geral, eu gostei bastante e acho que ficou uma mensagem de reflexão. Aliás, considero o texto do filme ótimo, diversos diálogos consistentes, cheios de verdades. Já assisti a algum tempo, mas ficou grudado na minha cabeça, pensando sobre as vertentes de interpretação, relembrando frases, adoro isso!
Embora esteja claro no início do longa que se trata de algo extraterrestre que criou a Área X, eu, particularmente, não assumi como um filme de alienígenas. E você? Comenta aqui embaixo sua primeira impressão quando assistiu!

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