“Armugan”, filme espanhol que será exibido na Mostra, conta uma lenda local do Vale dos Pirineus Aragoneses. Nela, Armugan se dedica a uma profissão terrível e misteriosa que ninguém se atreve a nomear. Dizem ainda que Armugan se move pelos vales agarrado ao corpo de Anchel, seu fiel servo. Juntos, compartilham o segredo de um trabalho tão antigo quanto a vida, tão terrível quanto a própria morte.
O filme é todo em preto e branco e conta com uma das fotografias mais bonitas que assisti nesse ano. São cenas de paisagens, close-ups, tudo muito bem enquadrado. A iluminação também colabora para a captura dos momentos mais íntimos entre Armugan e Anchel que são bem bonitos, delicados e simples. Aliás, num dos momentos mais conflituosos do longa é que veremos sua grande atuação através das sombras que se formarão na tela.
Armugan é um homem com uma deficiência de locomoção. Portanto, Anchel é quem o carrega, literalmente, nas costas para onde quer que sua presença seja solicitada. O subtítulo do filme, que está no cartaz, denuncia qual é a profissão do mais velho. Ele é uma espécie de finalizador, alguém que ajuda pessoas a fazerem a passagem.
Porém ele tem seus valores, ética e suas próprias condições. E é quando uma mulher o procura pedindo que ajude a por fim no sofrimento de seu filho de 10 anos que a história toma ares mais intrigantes. Logo depois, até surge um certo suspense. Até então, tivemos pouquíssimos diálogos durante o longa, o que pra alguns pode tornar a experiência cansativa e sonolenta. De fato, o filme é bem lento, em sua primeira parte mostrando a rotina de Armugan e Anchel.
Diante do dilema exposto pela mulher, surgem mais diálogos e um texto potente, reflexivo. E dessa forma, temos discussões sobre vida, morte, sofrimento, nascimento e eu adoraria que o diretor espanhol Jo Sol tivesse me mostrado mais disso.
Em resumo, “Armugan” é um filme bastante contemplativo, principalmente a partir de sua Fotografia com belos planos de paisagem, com uma temática reflexiva e que, com toda a certeza vai fazer você pensar.
O filme está disponível na 45ª Mostra Internacional de Cinema de SP.