Os símbolos escondidos nas cores de Apeshit – The Carters6 min read

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/No último dia 16-junho-2018, Beyoncé e Jay-Z, agora a.k.a The Carters, lançaram um álbum surpresa chamado Everything is Love. O single Apeshit foi o escolhido para apresentar o disco e veio acompanhado de um belíssimo vídeo clipe que fora filmado no museu mais icônico do mundo, o Louvre.

O vídeo está repleto de significados, enaltecendo a cultura e o poder negros, criticando o mundo das artes que é essencialmente branco e masculino. Li diversas opiniões e essas aqui abaixo, particularmente, foi o que achei de mais interessante:

Huffington Post / Estadão / Casa Vogue / Arte de Segunda.

Mas eu aposto que ninguém ainda te contou sobre as cores e a fotografia, não é verdade?!

Nessa primeira cena, assistimos o casal de costas para a Monalisa (a propósito, estão todos, o tempo todo, de costas!).
Beyoncé vestida de rosa traz um ar de feminilidade, de delicadeza, de erotismo pra gente. Combinado ao azul do terno de Jay-Z nos causa uma impressão de que, juntos, eles são atraentes! Rosa e azul têm efeitos psicologicamente contrários e, portanto, têm esta consequência quando combinados.

Posteriormente temos cenas com vermelho, branco e azul, o que na minha opinião é pra remeter as cores da bandeira da França uma vez que o museu está situado em Paris e essas cores individualmente têm uma coerência relacionada à monarquia e aos significados almejados pela dupla.

O vermelho desde sempre foi considerado uma cor masculina pois remete a força, poder, era o uniforme de diversos exércitos, a cor do sangue e do ódio. Somente na idade moderna que passou a ser identificado para as mulheres.

Apeshit, em linguagem informal, significa um ataque de raiva, enlouquecer. Podemos observar essa atitude quando Jay critica o superbowl, a NFL, o Grammy e por fim nos questiona se já vimos uma multidão enlouquecendo:

Tell these clowns we ain’t amused
‘Nana clips for that monkey business, 4–5 got change for you
Motorcades when we came through
Presidential with the planes too
One better get you with the residential
Undefeated with the ‘caine too
I said no to the Super Bowl: you need me, I don’t need you
Every night we in the end zone, tell the NFL we in stadiums too
Last night was a fuckin’ zoo
Stagedivin’ in a pool of people
Ran through Liverpool like a fuckin’ Beatle
Smoke gorilla glue like it’s fuckin’ legal
Tell the Grammy’s fuck that 0 for 8 shit
Have you ever seen the crowd goin’ apeshit? (Rah) (ayy)

Note nesses frames Queen B going apeshit:

Em contrapartida, o azul sempre foi associado ao feminino, ao delicado, ao sensível e às imagens santas. Não a toa, o nome da filha mais velha dos Carters é Blue Ivy. 😉

O branco vem diretamente ligado ao azul transmitindo a sensação de feminilidade, de inocência, daquilo que é nobre, puro, sacro. Assim eram retratadas as mulheres da época dessas obras, como figuras intocáveis, imaculadas e frágeis.

Somado às cores, em diversos momentos, a câmera está girando e na figura abaixo vemos uma tomada em posição desconfortável aos olhos.

Trabalho do diretor de fotografia belga, Benoit Debie que, você até pode não saber, mas é um especialista nisso. Ele é o diretor de fotografia de Gaspar Noé e criou belíssimas e indigestas imagens em Enter The Void, Irreversível e Love
Cenas meio desconexas, enauseantes, distorcidas são bem comuns e combinam muito com estes roteiros. Há relatos de pessoas que sentiram enjôo, dor de cabeça quando assistiram esses filmes. Fantástico, não?! E o que isso significa em Apeshit? Pode ser a virada dos negros, a subversão dos brancos…
Uma outra característica de Debie são as cores fortes, marcadas, neon, isso é um marco em grande parte de sua obra. No clipe sua assinatura ficou nessas cenas aqui:

Quando terminei de assistir o vídeo pela primeira vez, só veio uma palavra na minha cabeça: PODER. Poder de Beyoncé como mulher negra, como autoridade em promover um discurso feminista, de vencer numa indústria onde ainda é caracterizada por clipes de rappers homens xingando e tratando mulheres como objetos. Poder do casal por, supostamente, ter superado uma crise marcada por traição, ter alugado um museu como o Louvre, da ousadia de ter feito isso. Enfim, poder.

Eu adorei e vocês?

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