AS CARACTERÍSTICAS DAS MÃES DE HITCHCOCK8 min read

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Antes de mais nada podemos afirmar que Alfred Hitchcock é um diretor clássico, um mestre do suspense e que influencia, até hoje, diversos cineastas, disso ninguém duvida! Ele tem uma obra relativamente pequena, são 53 filmes, mas riquíssima, cheia de subtextos e de atributos, marcas registradas que lhe permitiram ser uma das maiores referências do cinema mundial. Nesse guia eu vou te apresentar quem são as mães na filmografia de Hitchcock.

Só para exemplificar essas marcas, podemos citar o suspense em si, os falsos culpados, uso de escadas, de trens, o subtexto sexual, o voyeurismo e um que serve perfeitamente para este próximo fim de semana: as mães de personalidade forte e dominantes.

Nesse sentido, a obra de Hitchcock é tão potente e rica que me permite fazer um post sobre “A Marca do Diretor” mencionando apenas uma de suas características que são suas personagens mães.

Quem são essas mulheres?

Por menos que se aprecie a visão de mundo feminino que Hitchcock apresenta em seus filmes, eu gosto de suas mulheres. Elas podem até ser obscuras e por vezes castigadas, mas têm elementos fortes, de destaque e personalidades memoráveis. E assim, são figuras que jamais sairão esquecidas.

Suas principais características são:

  • Dominadoras
  • Ciumentas
  • Possessivas
  • Centralizadoras
  • Manipuladoras
  • São personagens secundárias, mas se ressaltam
  • Possuem figurino austero

Onde estão as mães na filmografia de Hitchcock?

A figura mais dominadora da mãe se apresenta em alguns filmes que vou listar abaixo, porém, muitos de seus longas mais famosos têm alguma figura materna que controla seus filhos.

A princípio, foi em “Interlúdio” (1946), a primeira abordagem mais agressiva da figura materna. A mãe de Sebastian é o mais forte personagem dentre os dois, é quem o incentiva a envenenar Alicia por causa de suas intenções.

Embora mais leve, “Um Corpo que Cai” (1958) traz na figura de Midge a representação materna para Scottie, apesar de ele a repreender por isso. Ela é quem o ajuda a se recuperar de um acidente ao mesmo tempo que tem interesse amoroso por ele.

Dessa forma, em “Os Pássaros” (1963), o galã do filme, Mitch, mora com sua mãe Lydia quando não está trabalhando. Ele conhece Melanie em uma loja de pássaros, ela interessada, vai atrás dele para fazer uma brincadeira. Apresentei aqui minha teoria do porquê Melanie foi punida por isso e acendeu o ódio de Lydia. Além de ser dependente do filho, ela é também manipuladora e sabia como se vitimizar.

Psicose

Em seguida, o exemplo mais emblemático e simbólico está em “Psicose”, de 1960. Norman Bates, não apenas cita que “a melhor amiga de um garoto é sua mãe“, mas também se veste como ela e cria uma personalidade, chegando a discutir consigo próprio nos dois papéis. Isso mostra uma ilusão da realidade na mente de Bates e é, em parte por este motivo, que ele mata Marion Crane na famosa cena do chuveiro.

Eu poderia escrever infinitamente apenas sobre “Psicose”, discutindo seus aspectos psicológicos, seu sentido freudiano, onde se mistura sexualidade e maternidade em uma visão perturbadora do complexo de Édipo, mas isso desvirtuaria o assunto.

De fato, Psicose é o mais famoso em sua filmografia sobre este tema, mas o que realmente me impactou foi “Marnie”(1964).

Marnie

Logo depois, seguindo aí a linha do tempo, “Marnie” é o último que irei comentar e também onde a mãe se apresenta de forma mais negativa. Ela tem influência direta no trauma da filha.

Marnie é uma mulher que transita em um universo de homens com motivações confusas, alguém que descobre seu próprio cenário emocional complexo enquanto mente e rouba todos ao seu redor. Ela troca de identidade como quem muda de penteado, alterna empregos muito facilmente e evita intimidade a todo custo.

Tippi Hedren como Marnie ao lado de Sean Connnery como Mark Rutland em "Marnie", filme de Hitchcock.
Tippi Hedren como Marnie ao lado de Sean Connnery como Mark Rutland

Dessa forma, quando é pega em um de seus golpes, em vez de presa, a moça é castigada de outra forma.
Um empregador intrigado por essa mulher complexa e frágil decide chantageá-la. Marnie se casa com ele e é intimidada de diversas maneiras, inclusive sexualmente. A essa altura Hitchcock já é bem mais agressivo e aberto em suas referências.

A relação entre Marnie e sua mãe

O relacionamento profundamente conturbado de Marnie com sua mãe e sua culpa por um incidente traumático na infância fizeram dela um estudo de personagem para o diretor. Aqui ele interpreta suas obsessões como cineasta.

O relacionamento de Marnie com a mãe é bem conflituoso. Como uma criança indefesa, ela faz um grande esforço para conseguir afetos e aprovação da mãe, que parece apenas repelir a filha. Bernice responde às investidas da própria filha com uma evidente e sem sentido preferência pela filha da vizinha e se envergonha de sua existência.
Somado a isso, o uso da Direção de Arte através de imagens femininas – bolsas, roupas, cabelos, sapatos – é impressionante. Hitchcock faz um bom contraste à idéia de Marnie revirar a dominância, seja do marido ou da mãe, com seus crimes.

Filmes Relacionados

Em suma, a obra de Hitchcock é brilhante, apesar de curta em número de filmes. Porém, podemos dizer que em termos de reflexão, é bem extensa, daria para escrever um livro apenas com a abordagem do ponto de vista feminino.

Visto que o dia das mães se aproxima, hoje falamos sobre essa figura em sua filmografia e Marnie é o meu favorito.
E qual é o seu? Conta aqui nos comentários quem a sua mãe favorita de Hitchcock!

Obrigada por sua leitura e não deixa de conferir outros artigos sobre o diretor que já pintaram por aqui.

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