O Som do Silêncio é um dos melhores de 20208 min read

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elenco o som do silêncio

Aqui está minha crítica de “O Som do Silêncio”, como eu prometi que faria nas minhas listas de assistidos de dezembro/20 e melhores de 2020. Classifiquei o filme de estreia do diretor Darius Marder como um dos melhores do ano. Além de atuar como diretor, ele também é roteirista e seu trabalho mais conhecido foi a participação com outros 3 roteiristas em “O Lugar Onde Tudo Termina” (2012).

Cores e Fotografia

Assim como acontece com as incríveis atuações de Riz Ahmed e Olivia Cooke, que vou falar mais a frente, é impossível não perceber a beleza da Fotografia capturada por Daniël Bouquet. Num filme onde o design de som foi priorizado, é interessante observar como os sons e a perda de audição de Ruben serão vistos por nós.

Bouquet teve cerca de oito semanas de preparação para a produção, antes que as filmagens ocorressem ao longo de 24 dias de filmagem não consecutivos, em locações ao redor de Boston e Ipswich, Massachusetts, e também em Antuérpia, Bélgica, durante a primavera, verão e outono de 2018.

Daniël conta que seu desejo era filmar durante o outono ou inverno. Ele imaginava que o uso de filmes em 35 mm combinados à acústica da neve e do frio se adequaria bem a esta história. A ideia era de que nas telas precisava ter um visual altamente cinematográfico, corajoso, saturado e rico ao mesmo tempo, assim como a música. Além disso, deveria oferecer uma sensação de documentário em termos de espaço e liberdade para as performances dos atores.

Ao contrário do planejado a filmagem no inverno não aconteceu. Entretanto houve o consenso que a filmagem em película traria textura à imagem e as possibilidades de enquadramento de seu formato widescreen combinaria com todo o ruído e momentos de silêncio da história.

A estética de “o som do silêncio”

Com o objetivo de poupar tempo de produção no desempenho e manter a aparência geral bastante natural, Bouquet usou bastante luz natural e poucos recursos artificiais. Em outras palavras, ele teria que ser criativo com relação a sensibilidade de exposição de luz em toda a produção.

Em função de toda essa configuração, a energia no set de filmagem foi diferente. O ritmo também pois o nível de concentração é maior. O filme usado por Daniël também ofereceu profundidade, personalidade e a reprodução de cores que muitas vezes faltam em projetos digitais. Segundo ele: “não é verdade que uma boa imagem está sempre nítida, limpa e perfeitamente exposta”.

Com relação aos enquadramentos e movimentação, Bouquet, em grande parte manteve, o trabalho da câmera pouco atraente – usando tomadas amplas nas cenas externas e close-ups nos personagens. Nesse sentido de forma intencional os cortes são longos, especialmente em momentos de silêncio.

O diretor de fotografia afirma que isso nos coloca ainda mais no momento e cria algo desconfortável no bom sentido. “Cortar pode te libertar da situação como um ouvinte. Mas, algo muito importante no nosso processo, foi que este filme era quase igual para quem não ouvia entre nós. Sendo assim, significava que quando havia linguagem de sinais, deveria mostrar mais do corpo da pessoa para dar informações. Ao contrário disto, uma pessoa não ouvinte não entenderia o que ele (a) estava ‘comunicando’. Ademais, para mostrar uma certa expressão no rosto de alguém exigiria um close extra para isso. Falamos muito sobre isso. E aprendi muito trabalhando com atores surdos. ”

As cenas dos shows

De acordo com o exposto anteriormente aqui na minha crítica, o tempo de produção para “O Som do Silêncio” era bem curto. Restou apenas um dia para filmar as duas cenas de show.

Bouquet conta que foi incrível a experiência de filmar a performance ao vivo. Não apenas pela imagem como também pelo som. Estas cenas foram ricas em movimentos de câmera na mão. Ele conta que filmou fisicamente de perto, com Riz tocando bateria apaixonadamente e Olivia no microfone, guitarra e operando um sampler. Apesar de muito escuro e não exatamente bonito, a iluminação  tem inspiração no que já estava no local. Foi uma configuração com muito contraste, que rendeu sombras e detalhes, tais como os estranhos brilhos e luzes estroboscópicas que reagiram nas peles dos atores

Além da Fotografia, o que tem de melhor em “O Som do Silêncio”?

Com toda a certeza do mundo, um dos melhores aspectos técnicos de “O Som do Silêncio” é a edição e mixagem de som. Ruídos e diálogos abafados, sons metalizados, legendas foram recursos usados para que os espectadores tenham a mesma experiência de Ruben.

Conforme havia citado no começo, as atuações de Riz Ahmed e Olivia Cooke também são excelentes, suas reações são humanas e coerentes. Quem não ficaria desesperado diante de uma perda de audição, ainda mais sendo músico? As performances deles passam muita verdade e eu me coloquei no lugar de ambos, pensando como eu reagiria nesta mesma situação.

Além disso, gosto muito da profundidade que o filme traz para o contexto da surdez: afinal de contas, é uma deficiência ou não? É um fator limitador para as pessoas ou não?
Este foi um fator crucial numa das decisões que Ruben toma na reta final do filme.

Por outro lado, um grande ponto positivo é o filme não cair em clichês de filmes dramáticos onde tudo se torna uma grande tragédia e o protagonista tem mil obstáculos até o término de sua jornada. Surpreendentemente, a perda de audição torna-se o assunto principal, apesar de termos a consciência de que ele é um ex-viciado em drogas.

Filmes relacionados

Por fim, os filmes que te indico abaixo não tem, exatamente, a mesma profundidade de “O Som do Silêncio” mas abordam a perda de audição de alguma forma e são muito bons.

Espero que vcs tenham gostado da minha crítica de “O Som do Silêncio” De modo geral, é um filme excelente que mereceu muito estar na minha lista de melhores do ano. E você, já assistiu? Entrou na sua lista de melhores do ano?

Fonte: Cinematography World

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