Anteriormente, indiquei “Alabama Monroe” numa lista de filmes que foram indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Você pode conferir ela clicando aqui.
Como eu gostaria de revitalizar alguns assuntos, por que não fazer um post sobre alguns filmes de listas?! Dessa forma, hoje você vai conhecer um pouco mais sobre este filme especial.
As tatuagens
Inicialmente, podemos observar que as tatuagens desempenham um papel central no filme belga que recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014.
Adaptado de uma peça teatral, centra-se na história da tatuadora Elise e do tocador de banjo americano Didier. Para a versão cinematográfica, as tatuagens viraram um poderoso leitmotif. Então, A tatuadora belga Emilie Guillaume ajudou a projetar as borboletas, pássaros, corações, esqueletos e nomes de ex-amantes que enfeitam o corpo de Elise — e para ajudar a desenvolver o personagem.
Assim sendo, Guillaume relata que o diretor Felix van Groeningen a questionou sobre a vida de um tatuador. Ele pediu que ela adaptasse algumas de suas próprias tatuagens para a personagem. Além disso, pegou ideias emprestadas que ele viu em seu studio em Bruxelas. Ela conta que Felix não queria que a personagem caísse em um clichê.
De acordo com Emilie, as tatuagens deveriam ser uma parte orgânica da narrativa, não apenas um ornamento. Elas precisavam contar a história de uma vida e não fossem apenas impor um estilo. Desse modo, Emilie projetou designs especificamente adaptados para Elise, como faria para qualquer pessoa.
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Nesse sentido, as tatuagens possuem simbolismo, criam a impressão de que a protagonista tem seu coração costurado em sua pele. Uma elaborada tatuagem no peito inclui um coração com asas e dois esqueletos em um abraço.
As tatuagens refletem a personalidade de Elise, uma mulher que precisa de amor e é emocionalmente imersa em seus relacionamentos. Um pássaro esboçado em seu pescoço “mostra seu lado artístico e espontâneo mais livre”, disse a tatuadora. Uma borboleta com um rosto teve inspiração em um padrão que Felix encontrou na Internet. Guillaume disse que passou uma semana estudando e desenhando antes de definir as artes finais em papel e colorindo-as com tinta acrílica. Os desenhos foram adaptados para caber no corpo da atriz. Em seguida, impresso em laser num papel especial transferível que permaneceu no lugar por até quatro dias.
A Fotografia
O diretor de Fotografia (DP) para este filme foi Ruben Impens, parceiro de trabalho do diretor Felix van Groeningen de longa data. Além de Alabama Monroe, eles estiveram juntos em “Querido Menino”, “Belgica” e “Dagen zonder lief” (algo como “Dias Sem Amor” em pt).
Ele diz que Felix é alguém muito minucioso, um diretor que quer ter a última palavra em tudo. Desde que começa a planejar até o pôster, até a festa de encerramento, tudo. Mas, é isso que o torna tão único também.
Ruben conta que se envolveu em “Alabama” desde o início do processo, pois acredita que Felix aprecia sua opinião. Portanto, o diretor quis que Ruben estivesse presente em muitos ensaios. As leituras foram filmadas e então, Felix assistiu a todas essas reuniões e muitas vezes reescreveu o roteiro com base nisto.
Para as performances ao vivo do filme Ruben trabalhou com luzes de fundo azul e à frente um pouco mais quente. Ele conta que não há um visual específico para estas cenas em função dos diferentes cenários. Havia uma locação que tinha um pano de fundo vermelho que o DP não gostava. Felix, no entanto, gostava. Em Ghent havia um local que era basicamente uma caixa preta. Nesses momentos, Ruben entende que o profissional deve ser ousado e filmar com o que tem. Ele diz que não tem medo de iluminar, até mesmo os rostos. Para iluminar Veerle Baetens, atriz protagonista, aplicou-se uma luz dura nos olhos, separada da luz de fundo, mas sem querer embelezar. Posteriormente, a dureza dessa luz, contrastada com seu vestido branco, ficou muito bonita.
As cores de “Alabama Monroe”
Por outro lado, Alabama Monroe também tem uma divisão de temperatura em sua paleta de cores, onde, no começo os tons são mais quentes. Isto acontece muito em função do encontro de Elise e Didier, sua história de amor, a construção da família e o nascimento da filha. À medida que os obstáculos entram em jogo e que o amor do casal é posto à prova, a paleta vai esmaecendo e ficando mais desbotada.
Nesse sentido, isso combina muito com o tom do filme que, começa mais alegre e vai ficando mais angustiante. Ao passo que surgem dificuldades notamos que existe uma mudança também na composição das cenas onde Didier já não aparece mais tão próximo de Elise quanto no começo.
Enfim, como não quero dar spoilers, é melhor parar por aqui. Você pode desfrutar deste filme nos canais abaixo:
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