Qual é a função da paleta de cores em Laranja Mecânica?3 min read

A segunda parte de Laranja Mecânica consiste no período posterior a prisão de Alex e seu tratamento de cura denominado técnica Ludovico. Aqui notamos uma alteração na fotografia do filme e da paleta de cores: tudo bem frio, cinza, azul pra representar a atmosfera e as emoções do rapaz agora isolado do convívio social, temos também tomadas mais longas e menos movimentos de câmera.

O diretor de fotografia do filme é John Alcott que já havia trabalhado com Kubrick em “2001, Uma Odisseia no Espaço”, porém, como disse no post anterior, com um orçamento bem maior. Em Laranja Mecânica, o trabalho deveria custar bem menos e um recurso muito utilizado foram as lâmpadas fluorescentes e luz natural no caso dessas cenas do aprisionamento. O uso de lâmpadas e a iluminação como parte do cenário é uma marca deste diretor e funcionou muito bem em termos de tempo e custo de produção. A propósito, a penitenciária foi um dos poucos sets a serem montados para a produção.

Quando ele sai da prisão e tem um encontro frustrado com sua família, eu particularmente, senti pena apesar de ainda desconfiar da real autenticidade de sua cura e incapacidade de ser violento.
Notem que a partir de sua indumentária, ele parece realmente estar socializado: encara seu pai vestido de terno, uma roupa sóbria que pode significar um sinal de amadurecimento. E podemos observar também uma mistura da paleta de cores da primeira fase com a segunda pois devemos ter esta sensação de que os mundos de Alex se encontram dando origem a terceira e última parte do filme.

É bem interessante ver a evolução dramática do personagem, acho que é a partir deste momento que a obra toma sua consciência moral e começa a questionar o espectador o que é adequado ou não. Todas as cenas adiantes são moralmente questionáveis, somos a todo tempo impelidos a pensar quem é a vítima na estória.

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