Não se pode ter tudo
- Título original: Rope
- Data de lançamento: 25 de setembro de 1948
- Diretor: Alfred Hitchcock
- Diretor de Fotografia: William V. Skall / Joseph A. Valentine
- Elenco: James Stewart, John Dall, Farley Granger
- Sinopse: Pouco antes de uma festa de jantar, Philip Morgan e Brandon Shaw estrangulam um amigo em comum com um pedaço de corda, puramente como exercício de inspiração filosófica. Escondendo o corpo em um baú, o par recebe seus convidados, incluindo a noiva da vítima e o professor universitário, cujas palestras inadvertidamente inspiraram o assassinato.
Treze de agosto é a data de nascimento de um dos maiores diretores do cinema moderno: Alfred Hitchcock. Sou fã do estilo dele e não à toa estou fazendo um curso no MIS-SP sobre sua obra.
Hitchcock tem grandes títulos em sua filmografia, tais como: Janela Indiscreta, o super adorado Psicose, Um Corpo Que Cai e outros muito famosos. Apresento aqui, um filme pouco falado, mas que é uma obra experimental e que, do meu ponto de vista é genial. Festim Diabólico foi lançado em 1948 e é um suspense de crime, assim como diversos de seus outros trabalhos, porém a fotografia de William V. Skall / Joseph A. Valentine e a edição de William H. Ziegler dão o tom de um grande e inovador filme por seus recursos e técnicas de edição utilizados à época.
Primeiramente, foi filmado em película de 35mm e cada rolo possuía o equivalente a 10min de gravação, ou seja, tivemos apenas 11 tomadas, pois algumas cenas foram regravadas por correção de cor.
O montador William H. Ziegler foi cuidadoso na edição de forma que seus cortes fossem nas costas dos atores, objetos ou em planos escuros para termos a impressão de um plano sequência, em apenas uma tomada. Temos apenas 5 cortes não-disfarçados neste filme, (aqueles cortes de um plano a outro). Notem que algumas peças do mobiliário do set têm rodinhas para que ficasse mais fácil abrir espaço para a câmera se deslocar.
É bem interessante observar todo o enquadramento e posicionamento de câmera empregado aqui, nenhuma imagem deve ser dispensada nos filmes de Hitchcock.
O foco nos livros é muito relevante pois ele servirá como elemento de suspense posteriormente.
Ela vai e volta diversas vezes para que
o espectador fique mais tenso
Nessas imagens podemos perceber a câmera parada registrando a movimentação da Sra. Atwater retirando a louça de cima do baú enquanto ocorre um diálogo totalmente displicente.
O auge do suspense vem neste momento ⬆ quando ela fará menção de guardar os livros no baú onde David está morto.
Quem assistiu sabe que o filme possui apenas um cenário, foi filmado com apenas uma câmera para dar o efeito de plano sequência explicado no post anterior e que suas cenas finais são marcadas por tons de vermelho, verde e pelo pôr do sol reproduzido por um ciclorama na parte detrás da janela. Ali a cenografia é perfeita e podemos ver as fases naturais de um dia ilustrando o desenrolar dessa trama intrigante. O vermelho foi usado aqui para evidenciar a descoberta do crime e o verde vem para dar ênfase ao perigo iminente que está por vir.
Festim diabólico não foi um sucesso de bilheteria quando lançado, entretanto, recentemente vem ganhando mais interesse e o gosto do público.⠀
Eu adoro esse filme e acho um dos melhores de #Hitchcock, não só pelos pontos que já ressaltei anteriormente mas também por todo envolvimento que o filme causa, a discussão filosófica que é argumento para o crime e o sentimento de culpa que aparece em seu desfecho. Recomendo e
Se você ainda não assistiu, fica aqui minha recomendação. Eu, particularmente pagaria um ingresso de cinema (caro) para assisti-lo.
Esse post foi ao ar no Instagram, dividido em 3 partes (1,2,3), como homenagem ao aniversário de Hitchcock, em 13-ago-2018.