Este filme já estava na minha lista há muito tempo, praticamente desde que lançou. Finalmente assisti e agora posso te contar aqui na minha crítica se vale a pena assistir Utoya 22 de Julho.
Baseado em fatos reais, nos atentados ocorridos no dia 22 de julho de 2011, na ilha de Utoya; a obra traz uma protagonista em busca de sua irmã mais nova durante o ataque.
Cores e Fotografia
É incrível e espantosa a imersão que temos nesse filme e eu atribuo todo esse realismo à câmera de Martin Otterbeck. O diretor de Fotografia que faz um belíssimo trabalho de plano sequência nos traz à mesma realidade que esses adolescentes viveram. E assim, a câmera está no ombro o tempo todo, somos jogados no chão, colocamos nosso rosto junto à lama, às pedras, agachamos pra espionar quem está vindo, olhamos entre árvores, corremos, etc.
As cores são bem realistas, baseadas em cores da natureza por motivos óbvios e o filtro não é exagerado. Claramente, as cores não são o foco pois o roteiro se sobrepõe e nossa atenção deve estar voltada para os acontecimentos, para as ações da protagonista, não devemos ter distrações.
A luz também é um ponto que reforça a intensidade das cores, é natural, suave, acinzentada e reproduz o dia que aconteceu o ataque.
De certa forma, o filme me lembrou um pouco o Dogma 95. Mas não é um filme que segue as regras do manifesto, até porque é algo super complexo e o assunto em si, foge às regras que foram determinadas. Mas acredito que exista uma inspiração.
Vale a pena assistir Utoya: 22 de Julho?
Eu gostei bastante do filme, fiquei impactadíssima, super envolvida, sofrendo junto com as crianças/adolescentes.
Embora as personagens sejam fictícias e exista uma “heroína” na história, eu não vejo como uma obra leviana ou que trate as vítimas com descaso. Nesse sentido,vejo que seria necessário termos alguém que nos conduzisse, como um guia, pra esse acontecimento terrível.
Por muitas vezes me coloquei no lugar de Kaja, pensando o que eu faria nessa situação.
É importante também entender um pouco do contexto onde se passa o ataque: a Noruega, como vimos no post de Rainha de Copas, é um dos países com maior IDH no mundo. É um lugar onde as pessoas mal sabem o que é violência, a criminalidade é zero, um dos melhores lugares para se viver. Além de ser extremamente desenvolvido e rico.
Logo na primeira parte do filme existe uma menção à esse desconhecimento da criminalidade, quando um dos meninos diz que já ouviu tiros e nenhum dos outros sinaliza em concordância à afirmação.
Dessa forma, percebem por que este foi um evento tão chocante para àquela sociedade?
além das cores
Acho que o melhor aspecto técnico, com certeza é a fotografia e a temática do filme. Existe uma abordagem rápida acerca de terrorismo e de políticas públicas no começo, mas nada que venha a ser profundo.
Algo que também me agradou muito foi o fato de o filme ser muito centrado nas vítimas e não existir qualquer cena voltada para o assassino. Não existe espetacularização, nenhum holofote está virado para ele.
Acho que a direção de Erik Pope, norueguês, também faz diferença; ele entende o tom de horror que deve haver no filme. Ao mesmo tempo, Pope assina o roteiro ao lado de Siv Rajendram Eliassen e Anna Bache-Wiig, ambas norueguesas.
A atuação de Andrea Berntzen, a protagonista, é boa e convence. Eu ficaria desesperada, confusa e perdida, assim como ela. Alem disso, suas reações e emoções são muito realistas, ela vai bem no papel.
filmes relacionados
No mesmo ano, a Netflix lançou um filme chamado “22 de Julho”, com o mesmo tema, praticamente um gêmeo desse aqui. Mas ainda não assisti e não posso te dar minha opinião.
Outro que te indico é “Tiros em Columbine”, documentário de Michael Moore. Entendo que não é uma obra de ficção mas está dentro da temática de pessoas desajustadas que assassinam adolescentes inocentes.
Um filme que não é dos que mais gostei, mas trata da mesma temática sob um outro ponto de vista é “Elefante”, de Gus Van Sant. Neste, temos a história de dois alunos que esperam, em casa, a chegada de uma metralhadora semiautomática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal que vinham colecionando, os dois partem para a escola, onde serão protagonistas de uma grande tragédia.
E por último, mas não menos importante, indico também “A Onda”, filme alemão do diretor Dennis Gansel, que mostra a historia de um professor que realiza um estudo sobre Estados Autoritários com seus alunos até que estes progridem para um regime semelhante ao nazismo.
Eu sei que esse filme foi exibido na 42ª Mostra de filmes de SP, mas acabei não assistindo na época. Infelizmente, porque gostei muito agora.
Se você gosta de filmes bem elaborados e baseados em fatos reais, aposte em “Utoya – 22 de Julho”. Não haverá arrependimentos, posso te garantir. Depois volta aqui e me conta sua opinião!
Muito obrigada por sua leitura, espero que tenham gostado!
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