Antes de qualquer coisa: preparem os lenços. Se você for emotivo então, se prepare em dobro, apesar de parecer um simples filme de fantasia, Sete Minutos Depois da Meia Noite vai além.
O filme tem uma sensibilidade incrível no roteiro capaz de tomar até os mais durões por uma intensa melancolia.
O filme conta a história de Conor, um garoto que tem relações complicadas com praticamente todos que o cercam.
Na escola, apanha dos colegas de classe, seu pai é ausente, a avó não o compreende, sua mãe, a única pessoa que o entende, sofre de uma doença terminal.
Enquanto as demais pessoas parecem simplesmente não enxergá-lo, fazendo com que ele se sinta “invisível”.
as cores
Já nas primeiras cenas vemos o menino caminhando sozinho pelas ruas de uma cidade retratada com cores apáticas, assim como a fisionomia do garoto. A todo momento ele é perguntado sobre sua disposição, por sempre aparentar cansaço.
A atmosfera acinzentada e invernal reforça essa opressão que parece pairar sobre sua vida. Os pontos de destaque são as plantas, em um verde vivo e iluminado que ganhará sentido no decorrer do filme.
Como forma de escape de sua realidade, Conor entrega-se à arte. Ele faz desenhos belíssimos, chegando a imergir no mundo da fantasia a ponto de invocar um “monstro” originado de uma árvore localizada no cemitério ao lado de sua casa.
É aí que entendemos o destaque dado para a vegetação nas primeiras cenas. Pois esta árvore ganha vida, passa a interagir com o garoto (bem no estilo Transformers mesmo!) e ganha um papel fundamental em seu destino.
Justificando o título do filme, todos os dias, à meia noite e sete Conor tem um pesadelo em que está com sua mãe no cemitério.
No sonho, uma grande cratera se forma, engolindo tudo à sua volta. Inclusive a mãe, a quem ele tenta salvar, mas não tem força para segurar.
A insegurança do garoto quanto à saúde de sua mãe é materializada na estrutura da construção. As ruínas representam o fim trágico que ele tanto teme.
a arquitetura em Sete Minutos Depois da Meia Noite
Nesse sentido, a arquitetura materializa também um momento de respiro para o garoto. Logo após sua mãe piorar, ele vai viver com a avó, que ele considera uma carrasca.
Chegando lá, ele aguarda ansiosamente pela visita do pai com esperanças de ser “salvo” de seu martírio.
Após um início de filme todo com cenas escuras ou fechadas dentro de casa, a primeira cena em que o pai do menino aparece é externa: com o céu claro! E pra fortalecer ainda mais o simbolismo, em um parque de diversões.
A locação utilizada foi o Blackpool Pleasure Beach, um grande parque com diversas atrações, existente desde 1896.
(E eu preciso muito abrir um parênteses, porque o clipe de uma das minhas músicas favoritas da vida foi rodado aqui! Porém, numa fotografia completamente diferente!
Comenta aqui se vocês gostariam de ver uma resenha de “The Killers – Here With Me” na sessão de Mais Assuntos! Só pra vocês saberem tem Winona Rider e Craig Roberts como protagonistas.
Fica um teaser!)
ambientes internos
Aos poucos, conforme Conor vai se decepcionando com o pai, os cenários vão escurecendo novamente.
Nesse sentido, as vegetações voltam a ser os pontos de destaque, assim como o monstro da árvore vai adentrando cada vez mais nas questões psicológicas do garoto.
Na cena em que acontece o ápice da simbiose entre as histórias contadas pela árvore e as atitudes do garoto, a arquitetura é bastante representativa.
A princípio os galhos do monstro tomam as paredes da casa ao passo que o monstro adentra os pensamentos do garoto que destrói tudo no ambiente, numa espécie de catarse emocional.
O ambiente é novamente simbólico na representação dos sentimentos quando Conor e seu pai resolvem algumas questões de seu relacionamento enquanto juntam os cacos do estrago feito pelo garoto na sala da casa de sua avó.
Por fim, a tentativa de um acordo de paz entre o menino e a avó é marcada pela disponibilização de um quarto na casa especialmente para o menino.
O mesmo que era de sua mãe quando ela era criança, simbolizando também a conexão de ambos por meio da arte, com desenhos e pincéis espalhados pelo ambiente.
Em resumo, Sete Minutos Depois da Meia Noite é um filme que merecia mais destaque do que efetivamente recebeu, as atuações são fortíssimas, principalmente a do garoto e a voz impecável que Liam Neeson empresta ao monstro.
A direção de arte valoriza desde os ambientes reais até os desenhos das histórias contadas pelo monstro para o menino.
E principalmente, se você for um amante da arquitetura vale conferir a materialização das emoções do garoto sendo representada na simbiose com os ambientes.
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